quinta-feira, 4 de abril de 2013

O jornalista e a realidade da profissão


“Jornalistas conversam sobre tudo, mas poucos falam sobre seus direitos”.  Esta reflexão surgiu dia desses numa conversa com amigos jornalistas. De fato, sabemos (ou fingimos saber, procuramos saber), lemos, escrevemos e muitas vezes nos indignamos com injustiças do mundo.  Às vezes até lutamos pelos direitos alheios, sim, os direitos alheios. Assim, às vésperas de mais um dia 7 de abril – Dia do Jornalista – como estão nossos direitos?

Piso salarial, horas, ambiente, relações de trabalho, contratos, carteira de trabalho? São inúmeras as batalhas que compõem o cotidiano dos trabalhadores da imprensa. A categoria ainda é pouco organizada e muitas vezes nos sujeitamos a situações degradantes para exercer a profissão.

Não por acaso foi detectado em pesquisa concluída recentemente o aumento na incidência de depressão e uso de drogas como cocaína e anfetaminas entre os jornalistas. A pesquisa foi realizada pelo professor José Roberto Heloani, da Unicamp que apontou o assédio como um dos fatores agravantes da situação.

A figura do jornalista vive em torno de uma idealização tanto por parte da sociedade como da própria classe. Temos acesso a muitas informações, assim sendo, somos responsáveis pelo processo de comunicação social. Sem dúvida um trabalho de enorme relevância e alto nível de responsabilidade.

Talvez seja necessário que o jornalismo perca um pouco o ar de soberania para identificar a raiz de seu próprio problema. Ainda somos uma segmento  importante para o bom andamento do mundo, mas é fato que a profissão está precarizada e precisamos admitir isso.

Olhar para própria ferida é sempre mais difícil, mas este será um desafio em prol da dignidade do jornalismo. Será um trabalho de investigação, de vasculhar em nosso próprio dia-a-dia de trabalho tudo aquilo que não está dentro dos padrões legais e morais para o exercício da labuta.

Temos a lei, temos um sindicato e ainda somos privilegiados por temos acesso às informações pertinentes a nossa categoria, quando tantos outros trabalhadores carecem destas condições. Precisamos nos despir daquele senso de que somos intocáveis e encararmos a realidade que nos cerca.

Publicado originalmente no blog do Sindijor - Subseção de Foz do Iguaçu e Região.