segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

E os “muambeiros”, vamos escondê-los?

Para muitos foram anos dourados, mas hoje é motivo de vergonha - Google Imagens
Alguns políticos e outras autoridades de Foz ficaram escandalizados com um trecho do samba-enredo da Escola de Samba Tom Maior, de São Paulo, que este ano homenageia a Terra das Cataratas.

Na homenagem, pelo centenário da cidade a letra exalta as belezas naturais, a lenda das Cataratas, Itaipu, chama o local de “maravilha do Brasil” e, pelas tantas menciona  o trecho que tem gerado o alvoroço: “Olha o muambeiro trazendo de lá/No jeitinho pro lado de cá/ Na amizade dá prá negociar” (...)

Ora, por aqui nunca teve “muamba”, ninguém “puxou muamba”, Foz não ficou conhecida também por causa das mercadorias do Paraguai?  O contrabando existiu e ainda existe em nossa terra. O enredo fala da história da cidade – pelo menos da parte mais conhecida. E negar isso é no mínimo hipocrisia.

Não há dúvida que estamos em outros tempo e a “muamba” já não é algo tão presente no cotidiano de Foz. Nada mais de descaminho,  o caminho agora é o turismo, é divulgar as belezas naturais, sem esquecer, é claro, das comprinhas em Ciudad Del Este e no Duty Free da Argentina.

Se o “muambeiro” citado no samba da Tom Maior é motivo de constrangimento, vamos negar uma passagem de nossa história, vamos renegar aqueles que durante anos percorriam as ruas de Foz em busca de seu sustento e que sim; ajudaram a fazer no nome desta cidade e garantir o ganha-pão de muitos aqui. Houve ilegalidades? Sem dúvida, mas até isso faz parte do enredo de Foz do Iguaçu. Temos a opção de contar somente a parte bonita, mas aí a história não será tão verdadeira.

Publicado originalmente no Portal H2FOZ